terça-feira, 20 de outubro de 2009

Como vencer a ansiedade

Como vencer a ansiedade
Filipenses 4:4-13

INTRODUÇÃO
Ansiedade é a doença do século. A ansiedade atinge ricos e pobres, doutores e analfabetos, crianças e idosos, crentes e incrédulos. Muitas pessoas estão acorrentadas pela ansiedade. A ansiedade rouba a nossa paz, furta a nossa confiança em Deus e embaça os nossos olhos espirituais.
Sigmund Freud, pai da Psicanálise, afirma que a ansiedade é mãe de todas as neuroses. Segundo o dicionário Aurélio, ansiedade significa: “Estado afetivo em que há o sentimento de insegurança”. Ansiedade é sofrer por antecipação. Originalmente, no grego, a palavra Ansiedade significa ESTRANGULAMENTO, apertar o pescoço, sufocar e tirar o oxigênio.
Os psicólogos e conselheiros cristãos falam da ansiedade como um dos problemas mais urgentes de nossos dias. É a emoção oficial de nossa época (COLLINS, 1984, p. 51). Ilustração: a mulher que arrancou dois seios com medo de desenvolver câncer de mama.
A ansiedade é fruto direto da preocupação (pré-ocupação: é preocupar-se antes do problema chegar). Está ligado com nossos dilemas frente a um futuro incerto. Jovens e adolescentes vivem um quadro crônico de ansiedade diante de decisões a serem tomadas: Vestibular, concurso público, casamento, etc.
O maior perigo da ansiedade é a precipitação. Hoje, o maior conflito existente no Oriente Médio (guerra entre árabes e judeus) é o desdobramento direto de uma decisão que foi tomada precipitadamente por um coração tomado pela ansiedade. Abraão havia recebido de Deus uma promessa que seria pai de uma grande nação. Contudo, diante da aparente demora no cumprimento da promessa, ele e sua esposa, Sara, resolveram alugar a barriga da criada Hagar. Abraão deitou-se com Hagar e esta veio a conceber Ismael (pai do povo árabe). Depois Deus cumpriu sua promessa visitando o casal Abraão e Sara, dando-lhes um filho legítimo, Isaque.
Diante de um quadro de ansiedade aguda, os psicólogos receitam ansiolíticos. São remédios cujo objetivo é diminuir o grau da ansiedade. Nesta noite você será medicado, entretanto, o seu receituário, o seu ansiolítico está expresso não em uma bula de remédios ou numa prescrição médica. Hoje você aprenderá a vencer a ansiedade a partir de uma reflexão da Palavra de Deus.

Qual o remédio para a ansiedade?
Como Paulo nos aconselha a vencer a ansiedade?
Ele não diz assim: “Parem de se preocupar”. Ele não diz isso pela simples razão que é inútil dizer a uma pessoa nessa condição que pare de se preocupar. Seria como dizer a uma pessoa que tem uma dívida muito alta e simplesmente não tem como pagar: “Fique tranquila!”. A pessoa iria responder: ‘Você está me mandando ficar tranqüila porque não é você que está devendo!”. Seria como dizer a um alcoólatra inveterado que pare de beber. Ele simplesmente não consegue, porque é prisioneiro desse vício.
Temos aqui o que podemos chamar de uma Psicologia bíblica.

1 – Orar (v. 6)
Paulo usa três expressões que retratam a oração, sendo elas:
  • Oração – Originalmente tem um sentido de adoração e louvor. Antes de pedir qualquer coisa para Deus, ore, louve e adore. Entre na presença de Deus, na Sala do Trono, no Santo dos santos. Tome consciência da grandeza de Deus, da presença do SENHOR, da Sua majestade.
  • Súplica – Somente depois de adorar e louvar, apresentamos a Ele nossa súplica. Aqui, apresenta-se diante de Deus questões particulares e específicas.
  • Ações de Graça – Aqui existe uma diferença substancial entre Ações de Graça e Adoração. Nós adoramos a Deus pelo que Ele é, e damos graças pelo que Ele faz. Portanto, o convite do apóstolo Paulo é agradecermos a Deus por aquilo que Ele já realizou na nossa vida.

Quando agimos assim, a Bíblia diz que “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (v. 7). A expressão “guardará o vosso coração” remete a um conceito militar. Literalmente, significa, “porá um guarda ou sentinela no vosso coração”. Paulo diz que a ansiedade dá lugar à paz de Deus.


2 – Trocar a preocupação pela meditação (v. 8)

O apóstolo Paulo nos convida a trocarmos pensamentos que nos afligem por pensamentos que alimentam a nossa fé. Ele nos convida a meditar naquilo que apazigua o nosso coração.

O Salmo 3 e 4 foram compostos por Davi quando ele passou as maiores tribulações da sua vida. No Salmo 3 ele estava no deserto fugindo do seu próprio filho. No Salmo 4 ele também estava no deserto, mas, desta vez, fugindo de Saul. O que me chama a atenção nestes dois salmos é repetição de um versículo: “Deito-me e pego no sono” (Sl 3:5) e “Em paz me deito e logo pego no sono” (Sl 4:8). Daí surge a seguinte ponderação: numa situação como esta todos nós seríamos capazes de deitar, mas pouquíssimos conseguiriam dormir. Isso porque o nosso corpo repousa, mas nosso coração e nossa mente simplesmente não desliga. Como alguém que está vivendo debaixo de tanto opressão e perseguição consegue deitar e logo dormir? Somente alguém cuja fé está alicerçada na fidelidade de Deus. Alguém que não é dominado pela ansiedade, mas está com o coração confiante no SENHOR.


3 – Praticar o ensino da Palavra de Deus (v. 9)

Não devemos ficar apenas na contemplação, mas, antes, fazer com que os conceitos se tornem uma prática do nosso dia-a-dia. A grande verdade é que nossa fé é puramente conceitual. Nós professamos crer em Deus, mas na prática agimos como se não crêssemos. O perigo de muitos pastores e teólogos, segundo Lloyd-Jones, é passar tempo demais lendo a respeito dEle e se esquecendo de se relacionar com Ele[1].

Há uma verdade que precisamos aprender desesperadamente: “Deus cuida de nós!”. Deixa Deus cuidar da sua vida! Lutero tinha uma expressão que parecia um tanto quanto redundante, mas que carrega uma força bombástica. Dizia o reformador para os seus paroquianos: “Deixa Deus ser Deus!”


4 – Contentar-se (v. 11-12)

Paulo afirma que a antídoto para vencer a ansiedade produzida pelos nossos desejos, é o contentamento. A insatisfação é a marca da nossa geração. Nós somos insatisfeitos por natureza. A insatisfação nos leva à murmuração. Lloyd-Jones diz que quando Paulo escreveu essas palavras estava na prisão, provavelmente acorrentado a um soldado à sua direita e outro à sua esquerda[2].

Existem situações na sua vida que você simplesmente não pode mudar, portanto, aprenda a viver contente. Eu, por exemplo, queria ser mais alto, mais forte, ter mais cabelos, ter um poste físico mais robusto e, quem sabe, ter olhos claros..., mas não, sou baixo, nordestino, gordinho, vou ficar careca e preciso viver feliz com isso.

Precisamos tomar uma decisão: “Não vou reclamar do que eu não tenho”. Há muitas coisas que nós não temos e gostaríamos de ter. E também há muitas coisas que nós olhamos para o outro e dissemos: “Por que esse miserável tem isso e não tenho”. Tem gente que não olha para aquilo que Deus lhe deu, mas fica olhando para o que Deus deu ao outro. E há muitas coisas que Deus já nos deu e nós jogamos fora.

Se fizermos uma análise sincera em nossa vidas veremos que temos muito mais do que aquilo que realmente precisamos. Lloyd-Jones diz que essa passagem diz que nossa suficiência é o SENHOR. Permitam-me usar uma pessoa como exemplo: D. Isolina. Essa irmã já passou e passa por grandes provações na vida. Entretanto, há sempre um sorriso em seus lábios. Quando pergunto a ela: “D. Isolina, está tudo bem?” ela responde: “Oh, pastor não está bom não..., mas vai ficar”.


CONCLUSÃO

Comentando o texto de Filipenses 4:6-7, Lloy-Jones introduz seu sermão com essas palavras: "Esta é, sem dúvida, uma das declarações mais nobres e mais consoladoras que pode ser encontrada em qualquer peça literária já escrita. Somos tentados a dizer isso a respeito de muitas passagens das Escrituras, porém do ponto de vista de nossa vida pessoal neste mundo, e do ponto de vista da experiência prática, não há declaração que ofereça mais conforto para o povo de Deus, do que estes dois versículos"[3].

O Hino n. 108 (Hinário Novo Cântico), escrito H. G. Spafford, fala sobre a felicidade em Jesus. Entretanto, há algo precisamos saber a respeito deste hino. O homem que escreveu esse hino, o compôs após perder toda sua família num naufrágio. Trata-se de um exemplo vivo de que podemos vencer toda e qualquer situação e continuarmos servindo ao SENHOR com alegria.

Rev. Daniel Sampaio Mota

[1] JONES. D. M. Lloyd. Depressão Espiritual. Editora PES, São Paulo: 1996, p. 246.
[2] JONES. D. M. Lloyd. Depressão Espiritual. Editora PES, São Paulo: 1996, p. 242.
[3] JONES. D. M. Lloyd. Depressão Espiritual. Editora PES, São Paulo: 1996, p. 226

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

À espera de um milagre

À espera de um milagre
João 5:1-14


Introdução

Quero tomar emprestado como título deste sermão o filme protagonizado por Tom Hanks que conta a história de um homem condenado injustamente que está no corredor da morte aguardando a execução. O nome do Filme é À Espera de um Milagre. Semelhantemente, a luz do texto de João capítulo 5, encontramos um homem que também está à espera de um milagre. Embora não esteja no corredor da morte, este paralítico está condenado a passar o resto dos seus dias nessa condição.
O evento de João 5 tem como cenário o Tanque de Betesda. O próprio texto afirma que “Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse” (v. 3-4). A crença na descida de um anjo gerou expectativa em muitos enfermos, provocando assim um ajuntamento de pessoas que estavam desenganadas pela medicina e aguardavam unicamente uma intervenção divina para solução de seus problemas. Todas essas pessoas estavam à espera de um milagre.
Entretanto, a Bíblia diz que Jesus desce ao encontro de um homem. Senão, vejamos:

Quem é esse homem?
1 – Um colecionador de fracassos
Estamos diante de um homem que sabe exatamente o significado da palavra fracasso. São 38 anos de tentativas frustradas. São 38 anos de experiências negativas. O histórico desse homem está marcado por decepções. Há 38 anos esse homem vê pessoas sendo curadas, mas ele não alcança a cura. Há 38 anos ele testemunha outras pessoas sendo beneficiadas pelo agito das águas, mas ele mesmo ainda está a esperar.
Muitas pessoas se encontram nessa mesma condição. Estão há tanto tempo esperando um milagre de Deus em suas vidas. Já ouviram tantos relatos e testemunhos de pessoas que foram abençoadas, mas simplesmente parece não chegar a sua vez de experimentar na sua própria vida aquilo que evidencia na vida de outras pessoas.

2 – Alguém abandonado.
Quando Jesus lhe dirige a seguinte pergunta: “Queres ser curado?” (v. 6) ele prontamente responde: “Não tenho ninguém...”(v. 7). Esse homem expressa sua realidade de abandono. Abandonado pela família. Abandonado pelos amigos. Abandonado pela sociedade. Abandonado pelo Estado. Não há nada mais terrível do que o sentimento do abandono.
Pior do atravessar uma doença é atravessar uma doença sozinho. Pior do que estar no hospital, é estar no hospital sozinho. Não ter ninguém ao seu lado. Ele não contava com a solidariedade de ninguém. Em nome da fé pode-se criar um ambiente de competição, estresse, disputa e tensão. Naquele lugar, todos eram adversários, querendo um milagre. Havia uma concorrência em busca de milagres.

3 – Alguém que carrega um sentimento culpa (v. 14).
Não há consenso entre os comentaristas, mas o fato é que o verso 14 traduz uma idéia de que sua condição de paralisia se deu como conseqüência direta do seu pecado. Jesus advertiu-o, dizendo: “Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda cousa pior” (v. 14). A Idéia que o texto passa é que ele estava naquela condição em função do seu pecado. Se essa interpretação for verdadeira, com certeza esse homem carrega um enorme sentimento de culpa. Afinal, seus próprios caminhos o conduziram a uma vida de enfermidade.

Qual a reação de Jesus?
1 – Enquanto todos vão à Jerusalém em direção à festa, Jesus se dirige ao Hospital da cidade (v. 1-2).
O texto é categórico ao afirmar que havia uma grande festa em Jerusalém. Possivelmente a Páscoa ou a Festa dos Tabernáculos (celebrações responsáveis por grandes ajuntamentos em Jerusalém). Contudo, enquanto todos se dirigem ao banquete, Jesus vai em direção dos aflitos. Jesus disse: “os são não precisam de médicos, e sim os doentes” (Mt 9:12). Portanto, se você é alguém enfermo, doente, alguém que está a espera de um milagre..., você está no lugar certo.
Você está em Betesda! A palavra Betesda significa Casa de Misericórdia. Aqui não apenas os anjos descem para mover as águas, mas o próprio Cristo se faz presente para curar o seu povo. Jesus se dirige a um lugar onde havia uma multidão de doentes. Havia doentes de todas espécies. Um aglomerado de pessoas enfermas. Todas em busca do mesmo objetivo: ser curado! O que atraía as pessoas para aquele lugar era a expectativa de saírem dali curadas.

2 – Jesus está diante de uma multidão, mas vai em busca de um único homem.
Isso é simplesmente impressionante! Vemos aqui o valor de um indivíduo para Deus. Esse texto declara que Deus te vê no meio da multidão. Para Deus, você não é apenas mais um. Jesus moda todo o seu itinerário para encontrar-se com um único homem. Parafraseando o rabino Abraham Heschel: “a grande diferença entre o cristianismo e todas as outras religiões do mundo é exatamente esta: nas outras religiões o homem está tentando desesperadamente buscar Deus, enquanto no Cristianismo, o homem está terrivelmente perdido e, por isso, Deus vai em busca do homem para salvá-lo”.
Jesus vai em busca daquele homem:
2.1 - Jesus vê (v. 6). No meio daquela multidão, os olhos de Jesus alcançam aquele homem. O profeta Isaías já sinalizava sobre o olhar misericordioso de Deus “Porque a minha mão fez todas estas cousas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Isaías 66:2).

2.2 – Jesus sabe (v. 6). Essa expressão revela a onisciência de Deus. Servimos a um Deus que sabe e conhece todas as coisas. Jesus conhecia o histórico daquele homem, bem como seu drama e sua dificuldade em alcançar um milagre. Não há nada que escape ou fuja do seu controle.

3 – A intrigante pergunta de Jesus
Queres ser curado?”. Parece meio fora de ordem essa pergunta de Jesus. Evidentemente, se aquele homem estava ali é porque alimentava em seu coração a expectativa de ser curado. Essa pergunta, basicamente, foi a mesma pergunta que Jesus fez ao cego Bartimeu: “Que queres que eu te faça?” (Lc 18:41). Obviamente, Bartimeu estava a procura da restauração da sua visão. Entretanto, parece-me muito claro que Jesus desejava ouvir a confissão por parte deles.
A confissão é algo muito importante na vida cristã. Devemos confessar ao SENHOR não apenas nossas faltas e pecados, como também nossas limitações e, sobretudo, nossa total dependência da graça dEle em nós. Após confessar diante de Jesus sua condição e real necessidade, o paralítico de Betesda finalmente, após 38 anos de espera, alcança um milagre. Contudo, dessa vez um anjo não desceu do céu para agitar a água; foi o próprio Deus quem desceu do seu trono de glória para encontrar-se com ele.


Rev. Daniel Sampaio Mota

Como passar pelas provações da vida

Como passar pelas provações da vida
Gn 22:1-19


Introdução

Os heróis da bíblia são homens que foram além dos seus limites. Homes que se superaram, homens que estavam acima da média. Homens ousados, intrépidos e corajosos que marcaram a história. Eram homens comuns, mas invencíveis. Gente que decidiu fazer a diferença no mundo.
Diante da vida existem dois tipos de pessoas: aqueles que simplesmente passam pela vida e aqueles que dizem o porquê estão passando por ela. Que tipo de pessoa você é? Aquela que passa pela vida ou aquele que quer deixar suas pegadas registradas na história da humanidade?
Recordo-me do evento registrado por Philip Yancey concernente a Martin Luther King Jr. Na véspera de seu vigésimo oitavo aniversário, King estava no púlpito de uma Igreja de Montgomery, no Alabama. Sua casa fora incendiada e ele andava dormindo pouco, ansioso por causa das recentes ameaças de morte. King começou a orar em público: “Senhor, espero que ninguém tenha de morrer por causa da nossa luta pela liberdade. Certamente, não quero morrer. Mas, se alguém tiver de morrer, que seja eu”. Eis a estatura espiritual desse homem! Ele ora e se apresenta como resposta de oração.
Há ainda um homem de nossos dias a quem devo mencionar: Missionário Ronaldo Lindório. Certa vez, lendo uma de suas cartas com relatos do campo missionário, ele finalizou seu relatório com a seguinte oração: “Senhor, ensina-nos a gastar os nossos dias naquilo que realmente vale a pena”. A profundidade dessa oração revela a grandiosidade da obra desempenhada por esse missionário.
Alguém já comparou a vida cristã a uma escola, onde todos nós fomos matriculados. O objetivo dessa escola é promover crescimento, conhecimento, mudança e transformação. Contudo, há algo na escola que serve para testar o nível de conhecimento e maturidade acerca daquilo que aprendemos: A PROVA. Na aplicação da prova o professor saberá exatamente qual aluno levou a sério aquilo que aprendeu ou aquele que levou na brincadeira.
Duas coisas podem acontecer após a realização de uma prova: aprovação (apto) e reprovação (inapto). O que tem de crente bombando na escola de Deus. O que tem de crente repetente, com dependência na escola de Deus. Todas as vezes que reprovamos numa matéria devemos fazê-la outra vez. É por isso que existem inúmeras pessoas que estão simplesmente estacionadas na fé. Não conseguem avançar porque estão em constante reprovação.
Muitas pessoas são chamadas por Deus, mas poucas são aprovadas por Deus. Jesus disse que muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Saul foi chamado, mas foi reprovado por Deus. Judas foi chamado, mas foi reprovado. Ser aprovado por Deus é mais importante do que ser chamado por Ele.
Aos 75 anos de idade Abraão foi matriculado na escola da fé. Agora, depois dos 100 anos ele ainda está enfrentando provas e desafios na vida. Você nunca é velho demais para enfrentar novos desafios. “Quando nós paramos de aprender, nós paramos de crescer; e quando nós paramos de crescer, nós paramos de viver” (Rev. Hernandes Dias Lopes).
Gênesis 22 nos mostra a maior de todas as provas que Abraão enfrentou. Senão vejamos:

1 – A provação provinha de Deus
“...pôs Deus Abraão à prova...” (v. 1). Não há dúvidas no texto de que DEUS intentava uma prova com Abraão. Essa provação tinha uma origem bem definida: Deus. Essa provação tinha um destinatário certo: Abraão.
É preciso, entretanto, que tracemos uma diferenciação entre provação e tentação. As tentações vem dos desejos pecaminosos que estão dentro de nós (Tg 1:12-16), enquanto as provações vem do SENHOR. As tentações são usadas pelo diabo para arrancar o pior que está em nós; as provações são usadas por Deus para levar-nos ao melhor.

2 – A ausência de explicações
O que mais aflige o servo de Deus é falta de explicações racionais para as provações. O pedido de Deus para Abraão, aparentemente, parecia algo absolutamente absurdo. Estaria Deus contradizendo as suas promessas? Como Deus pode pedir para eu sacrificar o filho que Ele mesmo disse que seria o herdeiro da promessa?
Não havia uma explicação racional. E isso é surpreendente, porque Abraão não ficou em busca de explicações, ele prontamente obedeceu. Quando Deus mandar você sentar não fica procurando cadeira; senta logo.
“Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus sevos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado” (v. 3)

3 – A solidão na provação
Há dois fatos que nos chama atenção na trajetória do patriarca rumo ao Moriá. Primeiro, Abraão não comunica nada a Sara, sua esposa. Isso se deve porque, possivelmente, Sara não concordaria com idéia absurda de oferecer seu filho como sacrifício ao SENHOR. Fato este que o levou a sair de madrugada.
Outro ponto que merece destaque relaciona-se a caminhada propriamente dita rumo ao monte. Diz o texto explicitamente que Abraão prosseguiu sozinho, despedindo os seus servos (v. 5). Na caminha cristã nós temos o apoio da família, dos amigos e dos irmãos, mas há momentos em que teremos que subir o monte sozinho. Haverá ocasiões na sua vida em que não haverá ninguém. É você e Deus. É o seu Moriá. É a sua provação.

4 – O silêncio na provação
Deus fala apenas duas vezes nessa história: no começo e no fim. Isso significa dizer que durante toda a caminha de Abraão até o Moriá, Deus permaneceu em silêncio. O próprio Abrão diz poucas palavras. O silêncio ensurdecedor é quebrado com a inquietante pergunta de Isaque: “Pai, Onde está o cordeiro para o holocausto” (v. 7). Aquela, com certeza, foi uma pergunta que atingiu o coração de Abraão.
O silêncio de Deus é a crise de muitos cristãos. A angústia é algo que assola nosso coração quando não encontramos justificativas plausíveis para eventos que ocorrem nas nossas vidas. Entretanto, a Bíblia diz que “Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência” (Rm 4:18).

4 – A provação e a obediência
Não existem casualidades na vida do cristão. Na verdade, tudo que nos ocorre obedece a uma ordenança divina. O próprio apóstolo Paulo afirma que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito” (Rm 8:28). Sendo assim, podemos concluir que até mesmo os momentos de dor são usado por Deus para aperfeiçoar-nos.
Moisés, depois de peregrinar 40 anos no deserto junto com o povo, deu uma justificativa da caminhada prolongada rumo á Terra Prometida: “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos” (Deut. 8:2).

COMO SER APROVADO POR DEUS?
1 – Obediência Incondicional
Nem sempre teremos resposta para todas as perguntas. Nem sempre teremos todas as nossas petições atendidas por Deus. Não devemos estabelecer para com Deus uma relação de barganha, onde a obediência a Ele esteja condicionada às suas bênçãos. Pelo contrário, devemos servi-lo simplesmente pelo que Ele é: Deus. Ouvi certa vez um pregado afirmar categoricamente: “Deus é Deus é nada menos; o homem é homem e nada mais”. Deus está a procura de servos que o obedecem incondicionalmente. Homens que se submetam integralmente ao senhorio de Cristo.
O profeta Samuel diz: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar” (1 Sm 15:22). Deus nunca nos dará daquilo que não sejamos capazes de devolver a Ele. Quando Abraão subiu ao Monte Moriá ele o fez num ato de obediência. Não havia justificativas da parte de Deus. Não havia explicação racional que justificasse tal pedido. Entretanto, Abraão se lança incondicionalmente a vontade revelada de Deus.
Soren Kierkegaard, pensador cristão, afirma que a fé mais pura nasce exatamente no meio da provação .

2 - Transforme suas provações em momentos de adoração (v. 5)
A provação de Deus nunca vem com o propósito de nos derrubar, mas para nos fortalecer. A convicção do patriarca estava fundamentada em Deus e nas suas promessas. Veja o que disse Abraão: “Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (v. 5). Abraão transforma o momento de provação num culto ao SENHOR. O Monte da Provação foi transformado num Monte de Adoração.
As palavras de Abraão expressam sua confiança total no SENHOR. Ele diz: “eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (v. 5). Abraão cria que não desceria do monte sozinho. Sua fé era suficientemente plena para crer que seu filho voltaria com ele.

3 – Dependa totalmente da provisão de Deus (v. 8)
É exatamente no meio da provação que Deus se revela de maneira extraordinária. Neste episódio foi cunhado mais um nome que carregava em si um atributo de Deus: Jeová-Jiré (Deus Provedor).
Aqui surge uma pergunta: Onde e como o SENHOR provê as nossas necessidades?
1. Quando estamos no lugar em que Ele mandou que estivéssemos (v. 3). O texto diz que Deus havia designado explicitamente para Abraão o lugar do sacrifício. Portanto, Abraão estava exatamente no lugar onde Deus havia determinado.
2. Quando estamos fazendo aquilo que mandou que fizéssemos (v. 10). A provisão chegou quando Abraão levantou sua mão para sacrificar o menino. A provisão de Deus veio no momento em que Abraão estava fazendo aquilo que Deus o havia mandado fazer.
A estrada da obediência é a porta da provisão. Não espere a provisão de Deus se você não está no centro da sua vontade. Não espera a provisão de Deus se você está em desobediência.

Que tipo de aluno você tem sido? Você tem sido aprovado ou reprovado por Deus?



CONCLUSÃO
A história de Abraão com seu filho narra a nossa biografia. É impossível ler esse texto sem fazer uma ponte hermenêutica com o sacrifício vicário de Jesus. A semelhança entre o sacrifício de Isaque e o sacrifício de Jesus é notória. Senão, vejamos:
1 - Isaque é a figura de Yeshua. Ele caminhou, por três dias, para o holocausto, assim como Yeshua ficou três dias entre sua morte e ressurreição para salvar a humanidade. Isaque levava a lenha nas costas como um sinal da cruz, apontando para o Calvário.
2 – Isaque foi gerado de forma miraculosa, assim como Cristo.
3 – Isaque, como Cristo, foi o centro dos planos de seu pai.
4 – A morte de Isaque seria um grande sacrifício para Abraão, assim como Deus demonstrou Seu grande amor quando deu Seu Filho [João 3:16; Romanos 8:32].
5 – Isaque foi oferecido por seu pai, como Cristo foi também.
6 – O Senhor Jesus carregou Sua cruz, assim como Isaque carregou a lenha.
7 – Isaque, como mancebo, poderia ter resistido ao seu pai. Nisto ele foi uma figura da disposição de Cristo em Se submeter aos planos do Pai [Isaías 53:7; Lucas 22:42].
8 – O livramento de Isaque é uma figura da ressurreição [Hebreus 11:19].

A história de Abraão preconiza a história da redenção. O amor desprendido do pai Abraão em ofertar seu único filho simboliza o amor de Deus em entregar seu único filho para salvação do homem. Como disse Agostinho: Deus ama cada um de nós como se houvesse apenas um para amar .
O grande missionário Hudson Taylor colocou na porta da sua casa: EBENEZER E JEOVA-JIRÉH – Quando olha para trás, vê a mão de Deus. Quando olha para frente, vê a promessa de Deus, portanto não precisa temer!
O Monte Moriá se tornou um dos locais mais importantes na história da nação de Israel. Mil anos depois, é exatamente nesse lugar que Salomão vai construir o grande Templo. A provação forjou Abraão como um dos maiores homens da história da humanidade.


Rev. Daniel Sampaio Mota