quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Sofrimento como uma benção de Deus


O sofrimento como uma benção de Deus

II Coríntios 4:7-18

 

É proibido sofrer! Esse é o moto da igreja pós-moderna. Fala-se muito sobre vitória, benção, milagre, cura e prosperidade. Uma geração que aprendeu a profetizar, fazer correntes, lançar mão de métodos para alcançar e manipular a benção de Deus. Uma geração que associa a benção de Deus com prosperidade e riqueza. Uma geração que aprendeu a reivindicar, declarar, liberar e amarrar. O Deus Todo-Poderoso foi transformado num garçom cujo único trabalho é servir o homem, satisfazendo-lhes os anseios e desejos. Diante disso, o cristianismo atual propõe um evangelho sem cruz, sem sofrimento. Um cristianismo bem diferente daquele apresentado nas Escrituras.

Mas, e quando Deus decide não curar? E quando Deus decide não fazer o milagre? E quando Deus decide não prosperar? Há uma outra face do cristianismo que os pregadores da televisão não anunciaram. Aliás, a pregação do evangelho realizada em rádio e televisão não é o evangelho verdadeiro, mas uma caricatura dele. Um evangelho fácil, barato, extremamente atraente e que faz sucesso num país de economia emergente.  Temos forjado uma religiosidade rasa, sem conteúdo, desprovida de profundidade. A nossa religiosidade é funda como um pirex, marcada por uma pobreza espiritual. Nas palavras de J. I. Packer, nosso cristianismo tem 15 km de extensão, mas poucos centímetros de profundidade. Conforme afirmou Dietrich Bonhoeffer, baratearam o Evangelho de Cristo que foi conquistado por um alto preço. A graça que é graça não foi barata.

A Igreja contemporânea construiu uma teologia antibíblica, uma teologia onde não há espaço para o sofrimento. Daí, temos a tendência de associar o sofrimento a duas matrizes: o sofrimento como consequência direta do pecado ou o como um ato punitivo de Deus. Por isso, é preciso reler os versículos não grifados da Bíblia. Aqueles que revelam uma faceta que não gostamos, a saber, que o cristianismo não é um passaporte para a felicidade, mas uma jornada de muitas aflições. O sofrimento não é uma possibilidade, mas uma certeza. À propósito, não podemos nos esquecer que Jesus é apresentado nas páginas da Escritura como o Servo Sofredor (Isaías 53).

               Então, nós precisamos compreender algumas verdades bíblicas acerca do sofrimento:

I – O sofrimento como uma contingência humana. A Bíblia diz que “tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso...” (Ec. 9:2). Jesus disse: “No mundo tereis aflições...” (Jo 16:33). Está posto diante de nós uma realidade: o sofrimento faz parte da nossa condição como humanos. Sendo assim, não é admissível pensar que o justo será poupado do sofrimento pelo simples fato de crer em Deus. Pelo contrário, a Bíblia é categórica ao afirmar que “tudo sucede igualmente a todos”. Desta forma, o ímpio quebra a perna, o justo também quebra a perna. O ímpio bate o carro, o justo também bate o carro. O ímpio perde o emprego, o justo também fica desempregado. É um ato de extrema arrogância e petulância a oração feita por muitos cristãos quando dizem: “Deus, eu não aceito essa situação!” ou “eu reivindico as tuas bênçãos e amarro esse problema em nome de Jesus!”. Jesus nunca nos ensinou a orar desta forma. De acordo com os Pais da Igreja, não devemos orar pedindo o alívio do fardo, mas rogar por ombros mais fortes. 

2 – O Sofrimento faz parte da caminhada cristã. Jesus foi claro e sincero com todos aqueles que desejaram segui-lo. Ele nos alertou quanto ao caminho estreito. Disse aos seus seguidores: “As raposas tem seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8:20). O apóstolo Paulo também não escondeu dos cristãos primitivos que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (II Tm 3:12). O salmista registrou ainda que “muitas são as aflições do justo...” (Sl 34:19). Como se pode notar, o sofrimento faz parte da caminhada cristão. Então, o crente não deve evitar o sofrimento a todo custo, mas perceber que há um propósito divino no sofrimento.

            Diante do exposto, quero convidá-lo para, a partir do texto de II Coríntios 4:7-8, construirmos juntos uma teologia do sofrimento. Esse é um texto que nos leva a encarar o sofrimento não como um mal em si mesmo, mas como algo que nos traz muitos benefícios. Portanto, ao invés de evitar o sofrimento e tentar fugir de todas as formas dele, o cristão deve perceber que o sofrimento é algo bom e proveitoso. Sendo assim, vamos refletir sobre AS BENÇÃOS DO SOFRIMENTO.

 

1ª Benção do sofrimento: O sofrimento revela a nossa natureza.

Paulo usa a expressão “vasos de barro” para fazer uma alusão à nossa fragilidade. Temos aqui uma referência direta ao texto de Gn 2:7, que diz: ““Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. O apóstolo nos leva a refletir sobre nossa forma fraca, mortal, humilde e simples. Desta forma, o sofrimento nos faz lembrar da nossa natureza.

O mundo busca atributos como força e poder. O homem tenta subjugar o mundo e a natureza. Vivemos na era dos super-heróis e também dos super-crentes. Homens dotados de um suposto poder espiritual, imunes a tudo. No entanto, o texto afirma: “temos porém este tesouro em vasos de barro”. C. S. Lewis afirmou que “o sofrimento é o megafone de Deus para despertar um mundo ensurdecido”. Quando o sofrimento chega, percebemos que não somos tão fortes quanto pensávamos, não somos tão bons como achávamos.

Portanto, o sofrimento é uma benção porque revela a nossa natureza e nos mantém humildes diante de Deus. Paulo dá o seu próprio testemunho pessoal quando afirma: “E para que eu não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte” (II Co 12:7).

 

2ª Benção do Sofrimento: o sofrimento é uma escola.

As maiores lições da nossa vida nós aprendemos em dias de dor. A vida é a mais implacável das professoras. Na escola comum, primeiro a gente aprende a lição e depois somos submetidos à prova. Na vida acontece o inverso, primeiro passamos pela prova e só depois aprendemos a lição.

O sofrimento é a escola em que todos cristão está matriculado. O salmo 119:71 declara: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos”. Spurgeon, comentando esse versículo, declara: “Mui pouco se tem a aprender sem aflição. Para sermos bons alunos, temos de ser bons sofredores. Como dizem os latinos: a experiência ensina. Os mandamentos de Deus são melhor lidos por olhos úmidos de lágrimas”. E acrescenta: “Aqueles que mergulham no mar das aflições trazem pérolas raras para cima”.

A bíblia diz que até Jesus não foi poupado da escola do sofrimento. O autor de Hebreus registra: “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb. 5:8). Como diz em outra versão: “Apesar de ser filho, ele aprendeu a obediência na escola do sofrimento”. Sabe o que é triste de ver? Um cristão que passa por uma provação e não aprende nada. Augustu Cury disse: “Ou o sofrimento nos constrói o nos destrói”. O que o sofrimento está fazendo com você? Está te construindo ou te destruindo?

 

3ª Benção do Sofrimento: o sofrimento nos leva a reavaliar nossa vida

Muitos sofrimentos que experimentamos são consequências diretas de nossos erros. Escolhas erradas, decisões equivocadas e posturas inapropriadas, ou seja, grande parte de nossas dores são desdobramentos de nossas escolhas. Isso deve nos remeter uma avaliação existencialista. Sócrates dizia que “uma vida sem análise não merece ser vivida”. O sofrimento nos amadurece, nos faz crescer.  

Sofrimento não é sinônimo de ausência de Deus. A dor não é um sinal que Deus te abandonou; pelo contrário. Paulo diz: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados, perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (II Co 4:8-9).

 

4ª Benção do Sofrimento: o sofrimento nos aproxima de Deus

            Muitos cristãos levam sua vida espiritual de qualquer maneira. Não leem a Bíblia, não oram, não vão à Igreja. Vivem afastados de Deus (embora conservem em seus corações o temor do Senhor). Em dias de bonança e fartura se esquecem de Deus. Então, quando o sofrimento bate à sua porta, aquele que vivia uma vida relapsa passa a buscar o Senhor com sinceridade e intensidade. Infelizmente, muitos cristãos só andam na linha quando o peso do chicote o ameaça. Meu irmão, se a única maneira de Jesus manter você pertinho dele é através do sofrimento, então prepara o “lombo”! Quando passamos pela provação arranjamos tempo para orar, ler a Bíblia, não faltamos aos cultos e até nos consagramos através do jejum.

            O sofrimento é uma benção porque nos faz parar (em meio a um ritmo frenético) e ouvir a voz de Deus. Quando a angústia nos alcança, somos conduzidos ao Altar do Senhor, em humildade, dependência e quebrantamento. Nossa relação com o Eterno se estreita e passamos a confiar menos em nós e mais nEle. A nossa fé se agiganta e nossa confiança em sua Palavra fica mais robusta.

 

5ª Benção do Sofrimento: O sofrimento põe os nossos olhos na eternidade.

            O apóstolo nos faz perceber que o sofrimento tira os nossos olhos da terra e os põe no céu. Ele afirma: “não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas” (v. 18). Quando estamos em meio ao sofrimento, pensamos menos em nós e mais no Reino. Somos levados a refletir mais eternidade. Percebemos que a nossa vida aqui é transitória e quão tola é a nossa gana de ajuntar tesouros nessa Terra. É por isso que autor de Eclesiastes afirma que é melhor estar numa casa onde há um funeral a estar numa casa onde há festa (Ec 7:2).

            Então, não despreze o seu sofrimento. Não tente evita-lo. Antes, utilize-o como um trilho quer irá conduzi-lo rumo ao crescimento espiritual, maturidade cristã, experiências com Deus e maior intimidade com o Senhor. Lembre-se que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28), até mesmo o sofrimento tem um fim benéfico e proveitoso. De acordo com os propósito de Deus, até o sofrimento é uma benção!

 

Rev. Daniel Sampaio Mota

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Edificarei a minha Igreja

Edificarei a minha Igreja

Mateus 16:13-20

Introdução

Corria célere a fama de Jesus. No capítulo anterior, Jesus havia realizado muitos milagres (Mt 15:29-31) e também multiplicado pães e peixes. Diante de tantos sinais, havia uma certeza que pairava sobre todos: Jesus não era um homem comum! Embora houvesse essa certeza, sobravam muitas dúvidas. Mas, afinal, quem era esse nazareno que fazia paralíticos andar? Quem era esse homem que devolvia vistas aos cegos, libertava endemoninhados e era capaz de alimentar uma multidão com apenas cinco pães e dois peixes? Quem é esse que até o vento e o mar lhe obedecem? (Mt 8:27).

Diante de tantos questionamentos, começaram a acontecer as especulações (Mt 16:14). E, no texto que agora lemos, encontramos as principais ideias que o povo tinha acerca da identidade de Jesus. Toda essa caixa de diálogo que se abre entre os versos 13 a 20 se desencadeia a partir de uma pergunta de Jesus: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? (v. 13).

Aplicação: Em outras palavras, o que as pessoas estão dizendo a meu respeito? Quem é Jesus para você? Para muitas pessoas Jesus foi apenas um filósofo, um curandeiro, um homem simples que ensinava coisas sobre o amor. Alguém de um passado muito distante que disse e fez coisas importantes. Mas, e para você, quem é Jesus?

A resposta que os discípulos dão não é consensual. Eles afirmaram que o povo tinha diferentes concepções de quem era Jesus. O povo não tinha uma definição unânime. Os discípulos disseram a Cristo que o povo estava dividido em pelo menos 4 opiniões (Mt 16:14):

1 – João Batista. O próprio Herodes disseminou essa teoria (Mt 14:1-2). Uma teoria baseada numa heresia. Hoje nós conhecemos esse postulado como Reencarnação, mas na época de Cristo, falava-se em transmigração da alma.

2 – Elias. Esse era o grupo mais conservador, pois o profeta Malaquias havia profetizado que a vinda do Messias seria precedida pelo profeta Elias (Ml 4:5). Contudo, atribuir o cumprimento desse texto a Jesus era cometer um grave erro de interpretação, pois Jesus mesmo já havia declarado que o cumprimento dessa profecia se deu em João Batista (Mt 17:9-13).

3 – Jeremias. Esse era o grupo supersticioso. No período interbíblico, mais precisamente durante a Revolta dos Macabeus, difundiu-se a crença popular que Jeremias teria aparecido a Judas Macabeus. Desde então, o povo nutriu a superstição que o profeta Jeremias era uma espécie de “Anjo da Guarda” da nação de Israel.

4 – Algum dos profetas. Esse era o grupo indeciso. Todos tinham uma opinião, mas esse grupo tinha a opinião de todos.

Essa “babel” representa exatamente a diversidade de nossos dias. Há aqueles que creem em heresias, mentiras inventadas por homens. Há aqueles mais conservadores que se fundamentam em interpretações equivocadas. Há aqueles mais supersticiosos. E há também aqueles que são indecisos. É importante ressaltar que essas eram as opiniões do povo.

No entanto, Jesus se volta para os seus discípulos e pergunta: Mas vós quem dizeis que eu sou? (v. 15). Essa pergunta que Jesus faz aos discípulos deseja suscitar uma confissão de fé. O discípulo verdadeiro de Cristo não permite que suas convicções sejam moldadas pela opinião pública. Na verdade, o Evangelho sempre caminhará na contramão do curso deste mundo. O crente deve estar desejoso se sempre pronto para defender a sua fé, mesmo que sua posição seja contrária à multidão.

Para responder a pergunta, apenas o apóstolo Pedro responde: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (v. 16).



Contextualização

Os versículos a seguir constituem a espinha dorsal da igreja. Esse texto é um dos textos mais básicos da teologia cristã. Durante séculos. Essa passagem tem sido uma fonte de controvérsia entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Protestante. Isso se deve porque os romanistas consideram essa passagem como a Carta Magna do papado. A doutrina do papado é o fundamento sobre o qual toda a teologia católica se ergue.

E por que estudar um texto tão polêmico como esse no Aniversário da Igreja? A razão é simples: nossas ações são determinadas por nossas convicções. Aquilo que cremos determina aquilo que fazemos. Só podemos viver a verdade se, de fato, conhecermos a verdade. E, se tivermos uma compreensão correta das Escrituras, especialmente desse texto, seremos uma Igreja mais forte e um povo mais apaixonado por Deus e por sua bendita Palavra.

Então, vamos orar, para que a luz do Evangelho resplandeça sobre esse lugar e o Espírito Santo ilumine nosso coração para compreensão destas verdades. Oremos...


I – A Igreja nasce da revelação de Deus (v. 17)

“Aqueles que desejam construir a Igreja pela rejeição da Bíblia constroem um chiqueiro e não a Igreja de Deus” (João Calvino).

Essa expressão “carne e sangue” era frequentemente usada pelos rabinos para indicar a natureza e posição do homem em contraste com Deus. Champlin afirma que o esforço, a inteligência e a natureza humana não podem alcançar o conhecimento das verdades mais elevadas.

Muitas pessoas estão em busca de Deus. Uma pesquisa realizada no Brasil e divulgada recentemente pela revista Carta Capital apontou que 96% da população brasileira acredita na existência de Deus. Vivemos num país mergulhado na religiosidade. Mas, biblicamente, o homem não consegue chegar a Deus. Jesus afirmou “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mateus 11:27).


II – A Igreja pertence a Cristo (v. 18)

Jesus disse: “Edificarei a minha igreja”.

A Igreja tem um dono: Jesus. Deus não divide a sua glória com ninguém. O profeta Isaías exclamou: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não darei a outrem” (Is 42:8).

Nós vivemos dias onde a igreja tornou-se propriedade dos seus líderes. É escandalosa a forma como o ministério tornou-se uma dinastia. O pai passa o poder para o filho ou para alguém do seu sangue. Isso, antes de ser uma contradição, é uma prática infernal e demoníaca! Hoje abaixo do nome da Igreja vem o nome do pastor: Igreja tal..., ministério pastor “x”. Essa é uma prática antibíblica.

As Escrituras dizem que a Igreja do primeiro século virou o mundo de cabeça para baixo (At. 17:6). Em nossa geração, o mundo é que está virando a Igreja de cabeça para baixo.

O apóstolo Paulo tratou dessa forma os pastores de Éfeso: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue(At 20:28).


III – A Igreja está fundamentada em Cristo (v. 18)

O versículo 18 é o que poderíamos chamar de o olho do furacão na controvérsia católica-protestante. Se você for à basílica de São Pedro (principal templo religioso da igreja católica), situada em Roma, no Vaticano, você vai ter uma impressão de como o catolicismo romano se estrutura fundamentalmente na doutrina do papado. É um templo de 23 mil metros quadrados, com 340 estátuas de santos. Foram necessários 20 anos para construir esse templo, cuja pujança e ostentação denunciam a riqueza do maior império da Terra – a Igreja Romana. Segunda a tradição católica o altar da basílica foi construída sob o túmulo de Pedro.

Na parte interior do templo, mais precisamente na abóboda da nave do templo, estão escritas as seguintes palavras em letras douradas: Sobre esta pedra edificarei a minha igreja.

Isso se deve porque a Igreja Romana crê e ensina que quando Pedro fez sua confissão, ele teve primazia frente aos demais apóstolos. Surge então a Doutrina do Primado de Pedro, sendo, portanto, o primeiro papa na sucessão papal. Entretanto, essa doutrina e, por conseguinte, toda doutrina católica se estrutura numa compreensão equivocada da Escritura. Senão, vejamos:

1. No grego, há um jogo de palavras, uma espécie de trocadilho.

2. O nome Pedro (Cefas) significa pedra.

3. O texto bíblico foi escrito em grego. E, no grego, Mateus usa a palavra Petros para se referir a Pedro. A palavra Petros significa “pedrinha” ou “fragmento de rocha”.

4. A segunda palavra usada por Cristo é Petra. Essa palavra sim significa “rocha”. Uma rocha usualmente utilizada no mundo antigo para fazer fundação.

5. O texto é assim: “Cefas, tu é Petros, mas sobre esta Petra...”. John MacArthur Jr diz que essa seria a melhor tradução: “Pedro, você é uma pequena pedra, mas eu edificarei a minha igreja na rocha sólida da verdade que você acabou de confessar”.

6. A Igreja não está fundamentada num homem, mas na confissão de uma verdade. Qual verdade? Jesus é o Cristo!

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (I Co 3:11).

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef. 2:20).

“A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular” (Mt. 21:42).

“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado” (I Pe 2:4-6).


IV – A Igreja é Vitoriosa (v. 18).

A palavra traduzida como inferno é Hades, uma referência grega ao deus que tinha autoridade sobre o mundo dos mortos. E quando Cristo diz “as portas do Hades”, ele faz menção à corte, ao próprio trono de Satanás. Não há nada que possa conter o avanço da Igreja, nem mesmo o diabo. A Igreja é invencível, é indestrutível.

A Igreja sempre teve seus inimigos. Herodes, Nero, Domiciano e tantos outros. Onde estão os homens que desafiaram a Igreja? Apresentem-se. Onde está Stalin e Lenin que tentaram varrer o cristianismo com a ascensão do comunismo? Onde está Mao Tse Tung que perseguiu a igreja de Jesus na China?

Todos esses homens estão mortos! E onde está a Igreja? A Igreja está de pé! A Igreja está viva, marchando triunfantemente!

Ilustração: Voltaire, ateu, filósofo francês, foi o pior inimigo da Igreja durante o Iluminismo. Ele escreveu muitos livros e artigos atacando a Igreja. Ele tinha uma imprensa em sua casa e usou essa imprensa a todo vapor para produzir todo tipo de literatura cujo objetivo era minar e enfraquecer a Igreja de Cristo. Ele disse: “cem anos após a minha morte, o mundo acordará, e o cristianismo será apenas poeira”. 100 anos após a sua morte, sua imprensa foi comprada pela Igreja e foi impresso 1 milhão de Novos Testamentos.

Atualmente, o inimigo declarou guerra porque ele sabe que o seu tempo está acabando.


V – A Autoridade da Igreja (v. 19).

Para afastar de vez a ideia de que Pedro tem as chaves que abre as portas do céu para os homens, vejamos o texto de Mateus 18:18-20. Nesse texto, as chaves do Reino de Deus foram entregues não apenas a Pedro, mas aos demais discípulos.



Conclusão

Estamos trabalhando na obra mais nobre desta terra. Você não pertence a um clube ou associação. Você faz parte da Igreja. O povo mais feliz da terra. O povo que vai morar no céu.

No céu não cometeremos pecado e, portanto, não teremos a necessidade de nos arrepender. Mas Charles Haddon Spurgeon disse que muitos cristãos ao chegarem no céu irão ter um sentimento de arrependimento. Ele disse: “Muitos dirão naquele dia: eu deveria ter me dedicado mais a Cristo, deveria ter trabalhado mais em sua obra, deveria ter gastado todas as minhas energias e meus recursos para promover a glória de Deus!”.

Calvino disse: “Se nós não preferirmos a Igreja a todos outros propósitos de nosso interesse, não somos dignos de ser contados entre seus membros” .


Rev. Daniel Sampaio Mota

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Os dois princípios

Os dois princípios
Gn 1:1 e Jo 1:1

A sua história não começa com o seu nascimento. A sua história começou antes que você nascesse. Antes mesmo que seus pais ou seus avós viessem ao mundo. Existe um livro que é a sua biografia, cujo nome é Bíblia Sagrada. A Bíblia foi escrita para dar ao homem a razão de sua existência. Ela explica a origem de todas as coisas. Por isso, sua história começa em Gênesis 1:1, que diz: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
Deus criou um mundo perfeito, um homem perfeito e o colocou num jardim perfeito que se chamava jardim do Éden. Nesse lugar o homem desfrutava de plena comunhão com Deus. O homem não adoecia nem morria. Sem sombra de dúvidas, o homem estava no melhor lugar do mundo. Entretanto a Escritura nos afirma que a desobediência trouxe desdobramentos terríveis para a humanidade. Como consequência da queda, o pecado entrou na raça humana e causou estragos desastrosos. Veja abaixo os principais estragos que o pecado trouxe ao homem:
1 – Separação entre o homem e Deus (Gn 3:24)
2 – O homem passou a experimentar a morte física e espiritual (Gn 2:17)
3 – A própria natureza foi abalada (Gn 3:17)
4 – As relações humanas foram afetadas (Gn 3:16)
Sendo assim, com a entrada do pecado na criação de Deus, o homem que havia sido criado perfeito e santo, tornou-se um pecador injusto. O homem que havia sido criado para viver eternamente experimentou a morte. O homem que foi criado para ter comunhão com o Eterno, tornou-se inimigo de Deus, passou a mentir, matar, roubar e destruir a própria criação. O homem que foi criado para ser livre tornou-se escravo. Depois da queda, a Bíblia traz o versículo mais triste já registrado nas páginas das Escrituras: “Deus expulsou o homem do jardim” (Gn 3:24).
Expulso de casa, o homem passou a vagar. Longe do seu lar, longe do seu Pai, afastado dos caminhos de Deus, sem vida, sem paz e sem alegria. O homem ficou completamente perdido. Foi isso o que aconteceu “No princípio”. O princípio da história do homem não foi muito feliz.
Mas a sua história não termina aqui. Deus decidiu reescrever um novo capítulo da sua vida. Assim como o Velho Testamento começa com a expressão “No princípio” , o Novo Testamento também começa da mesma forma. O apóstolo João inicia seu evangelho da seguinte forma: “No princípio era o Verbo” (Jo 1:1). Em Gênesis a história começa com a criação do homem. Em João o recomeço acontece a partir do Filho do Homem. O evangelista João afirma “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1:14).
Desta forma, assim como a queda do homem trouxe estragos terríveis para a humanidade, a vinda do Filho de Deus restaurou o projeto do Eterno. No Novo Testamento nós encontramos a história sendo reescrita por Deus, pois Ele envia seu Filho, seu único Filho, para reconciliar o homem com Deus. Os benefícios advindos da vida e morte de Jesus Cristo aniquilaram completamente as consequências do pecado sobre o homem. Sendo assim, biblicamente, podemos afirmar que:
1 – Em Cristo, a barreira da separação existente entre o homem e Deus é removida (Mt 27:51);
2 – Em Cristo, o homem tem direito à vida eterna (Jo 11:25);
3 – Em Cristo, a própria natureza será redimida (Rm 8:21);
4 – Em Cristo, os relacionamentos humanos são restaurados (Jo 15:17).
A obra de Cristo nos ensina que Deus deseja reescrever um novo capítulo da história da nossa vida. E a nossa nova história começa com Jesus. Santo Agostinho tem uma frase célebre, onde afirma: “Criaste-nos para Vós, e a nossa alma vive inquieta enquanto não repousa em vós”. Sua vida apenas será vida com o Autor da vida!


Rev. Daniel Sampaio Mota

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Educando filhos à maneira de Deus

Educando filhos à maneira de Deus

Introdução

Vivemos numa época em que há um verdadeiro zelo pela educação. Muito se tem investido em escolas e métodos de ensino. Isso acontece porque acreditamos que a maneira como educamos uma criança hoje transformará o seu futuro amanhã. Alguns cientistas políticos afirmam que o Estado pune aqueles que não conseguiu educar.
Por isso, não há nada que ocupe mais a preocupação de um pai do que a educação de um filho. O pai é capaz de gastar rios de dinheiro a fim de que o filho estude numa boa escola e desfrute de uma boa educação. E no nosso país a educação é algo que custa muito caro. À título de curiosidade, um pai que decide investir na formação superior de seu filho numa faculdade particular deve estar preparado para desembolsar em cinco anos uma quantia que excede cinqüenta mil reais.
Entretanto, no afã de promoverem a melhor educação, muitos pais acabam negligenciando aquilo que é fundamental na educação de uma criança. Diante disso, quero convidar você a meditar na Palavra de Deus sobre a maneira como Deus educa seus filhos. Deus é um pai por excelência. Quando o assunto é paternidade, ninguém ganha do Eterno. Então, medite sobre os princípios de Deus para educação de filhos:

1 – Os filhos devem ser educados segundo a Palavra de Deus
Antes de você ensinar a Palavra de Deus a seu filho, você precisa conhecê-la. Esse é um grande dilema hoje: muitos pais querem educar seus filhos na Igreja porque entendem que a Igreja é o melhor lugar para se educar filhos, mas não querem fazer parte da Igreja. Muitos concordam plenamente que seus filhos devem ser educados de acordo com os princípios da Bíblia, mas sequer conhecem a Escritura Sagrada, e nem mesmo trazem seus filhos à Escola Dominical.
O autor de Provérbios afirma que “a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe” (Pv 29:15). Se a Bíblia não for o alicerce sobre o qual a educação do seu filho for fundamentado, há uma grande probabilidade de que essa criança lhe cause vergonha e tristeza no futuro. Portanto, seja um pai sábio! Busque o conhecimento na Palavra de Deus e use os princípios da Escritura para educar seus filhos.

2 – Os filhos devem ser educados com tempo e ternura

Aqui reside outro perigo dos nossos dias. Muitos pais não têm mais tempo para seus filhos. Por isso, substituem presença por presentes. Há pais capazes de gastar duzentos reais num brinquedo para o filho, mas é incapaz de gastar vinte minutos lhe dando atenção. Não existe nada nesse mundo que possa compensar a ausência do amor que só um pai pode dar.
Quero aproveitar a ocasião e trazer um dado alarmante para os pais. A televisão tem se tornado um dos maiores problemas de nossa época. Seus filhos passam, em média, de quatro a cinco horas na frente do televisor. Isso significa que a cada semana, seu filho passou quase trinta horas na frente da tela, ou seja, a cada seis dias, seu filho permaneceu um dia inteiro na frente da televisão. É necessário que os pais estejam atentos aos perigos que circundam seus filhos.

3 – Os filhos devem ser educados com disciplina e correção
O livro de Provérbios está recheado de textos que orientam os pais a disciplinarem seus filhos. Seguem abaixo alguns textos que fundamentam esse ensinamento:
“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13:24). “Castiga o teu filho, enquanto há esperança...” (Pv 19:18). “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 22:15). ‘Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a avara, não morrerá. Tua a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” (Pv 23:13-14). “Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma” (Pv 29:17).
Esses textos nos mostram claramente que a disciplina é um ato de amor. Portanto, não se trata de uma punição ao menor, mas uma correção de caráter preventivo para que seus atos futuros não sejam de um delinqüente.

4 – Os filhos devem ser educados mediante o exemplo

Há um texto emblemático no livro de Provérbios, que diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22:6). Esse versículo traz um mandamento acompanhado de uma promessa. Contudo, há um detalhe que deve ser mencionado. O texto não diz que devemos ensinar “o” caminho, mas, antes, ensinar “no” caminho. Essa é uma diferença essencial que devemos observar caso queiramos compreender verdadeiramente o sentido do texto. Ensinar “o” caminho indica apenas mostrar o caminho. No entanto, ensinar “no” caminho significa ensinar enquanto se caminha junto.
Muitos pais apenas apontam o caminho a seus filhos. Todavia, a Bíblia ensina que o pai deve trilhar o caminho junto com o filho e ensinar a criança a caminhar “no” caminho. Em outras palavras, a Bíblia está dizendo que a educação deve ser precedida pelo exemplo. Os pais devem ser um referencial de vida para seus filhos, pois o exemplo não é o melhor método de ensino, é o único.

Rev. Daniel Sampaio Mota

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As eleições e a parábola de Jotão

As eleições e a parábola de Jotão

“Foram, certa vez, as árvores ungir para si um rei e disseram à oliveira: Reina sobre nós. Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores? Então, disseram as árvores à figueira: Vem tu e reina sobre nós. Porém a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria pairar sobre as árvores? Então, disseram as árvores à videira: Vem tu e reina sobre nós. Porém a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores? Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu e reina sobre nós. Respondeu o espinheiro às árvores: Se, deveras, me ungis rei sobre vós, vinde e refugiai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não, saia do espinheiro fogo que consuma os cedros do Líbano” (Jz 9:8-15).


O Brasil está às vésperas de uma eleição. Houve uma época em que os governantes eram impostos ao povo e sua forma de governo era baseada em modelos totalitários e opressores. Entretanto, a democracia deu ao povo a oportunidade de participar diretamente do pleito. Hoje, elegemos nossos pares, pois a Constituição assegura que todos são iguais perante a lei, não havendo distinção de cor, sexo ou religião. Dessa forma, os eleitores tornam-se co-responsáveis pela política, pois cabe à população dizer sim ou não às propostas de cada candidato. No próximo domingo, todos os cidadãos, ricos e pobres, brancos e negros, cristãos e ateus, irão às urnas para eleger candidatos que vão dirigir os rumos da nossa nação.
Exatamente nesse contexto cabe uma reflexão sobre a Parábola de Jotão (Jz 9:8-15). Sobre esse texto, o Pr. Paschoal Piragine Jr. faz a seguinte declaração: “A parábola de Jotão apresenta lições importantes sobre nossa missão no contexto político. Depois de Abimeleque ter assassinado seus 69 irmãos, os habitantes de Siquém decidem proclamar o fratricida seu rei. Jotão foi o único filho de Gideão a escapar com vida. É justamente durante a cerimônia de coroação que Jotão profere essa parábola profética contra o irmão e o povo, que além de patrocinar o mal exaltava-o publicamente”
[1]. Diante dessa parábola, quero convidar você a refletir sobre a realidade política em que o Brasil atravessa, tirando conclusões e assumindo novas posturas diante do pleito que se aproxima.

I – Quando os bons se omitem, os maus assumem o poder. A parábola afirma que inúmeras árvores foram cogitadas para reinar, sendo a oliveira, a figueira e a videira. Contudo, nenhuma delas quis assumir essa responsabilidade. Diante disso, não havia outra saída senão convidar o espinheiro para exercer tal função. Essa parábola ilustra que a presença de um mau governo se deve em função da omissão daqueles que poderiam fazer um bom governo. O padre Antônio Vieira afirma que a omissão é o pecado que se faz não fazendo. O apóstolo Tiago registra em sua carta: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tg 4:17). Martin Luther King Jr., pastor batista que lutou contra o racismo norte-americano, bradou: “O que me impressiona não é o grito dos tiranos, mas o silêncio dos justos”. O Brasil tem sido governado por espinheiros porque as oliveiras, as figueiras e as videiras estão se omitindo. Eis o motivo pelo qual a nação padece diante da gestão de pessoas inescrupulosas que estão interessadas unicamente no benefício próprio. Ética e moral são conceitos desconhecidos pela maioria de nossos parlamentares. Como bem disse Robinson Cavalcanti: “A maior crise que o país está vivendo não é econômica ou social, mas uma crise moral
[2]. A Bíblia está repleta de exemplos que reis e príncipes que conduziram a nação de Israel à apostasia. Há uma máxima popular que é verdadeira: o povo é o reflexo de sua liderança. Muitos cristãos estão à margem dos acontecimentos, alienados ao processo eleitoral. A Igreja brasileira, que deveria ser uma voz profética para bradar contra a impiedade de nossos governantes espinheiros, tem se prostituído com esse sistema corrupto. Muitos púlpitos são transformados em verdadeiros palanques eleitorais onde candidatos profanos sobem ao altar de Deus para manipular um rebanho que se tornou massa de manobra. A igreja brasileira não deve apenas orar, mas, sobretudo, ser uma Igreja consciente! Se há um dom que carecemos na atualidade é o dom do discernimento. Precisamos que homens e mulheres vocacionados por Deus se levantem para lutar pelos valores e princípios que a nação tem perdido. Nós podemos ser as árvores frondosas de que o país precisa. Não podemos omitir-nos nem achar que todos os que exercem a política são espinhos! Se os espinhos estão lá é porque as árvores se furtaram do seu papel![3]

II – Para servir é preciso sacrificar-se; para ser servido é preciso sacrificar os outros. Eis o motivo pelo qual muitos não querem servir nem se transformar em benção na vida dos outros. Perceba que oliveira disse: “Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?” (v. 9). Da mesma forma, a figueira se esquivou: “Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria pairar sobre as árvores?” (v. 11). Semelhantemente, a videira apresentou sua justificativa: “Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens e iria pairar sobre vós” (v. 13). Como se pode observar, o serviço exige abnegação e sacrifício, qualidades que nem todos estão dispostos a buscar. As pessoas não estão interessadas em sair da sua zona de conforto para se envolver nos problemas dos outros. Então, houve uma inversão abrupta da função pública, pois aqueles que deveriam se valer do cargo para servir os outros, utilizam o posto e suas prerrogativas para benefício próprio, em detrimento da opressão de seus súditos. De acordo com a parábola, o rei deveria pairar sobre as demais árvores, dando proteção e sombra a elas. A função do rei seria servir as demais árvores. Contudo, ao ser empossado rei, o espinheiro disse: “Vinde e refugiai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não, saia do espinheiro fogo que consuma os cedros do Líbano” (v. 15). Ou seja, aquele que deveria ser um instrumento de benção, torna-se uma maldição. O espinheiro subjugou as demais árvores e passou a oprimi-las. Essa história é um retrato contemporâneo da política no Brasil. Basta ver e ouvir as propostas na propaganda eleitoral para vislumbrar que aquilo que se propõe é bem diferente da prática. Inclusive candidatos que se autodenominam evangélicos são flagrados em escândalos que envergonham o Evangelho de Cristo.
Sendo assim, quero alertar você para duas atitudes que você deve assumir com relação às eleições do próximo domingo.

Primeira Atitude: Ore! O apóstolo Paulo fez a seguinte exortação ao seu filho na fé, Timóteo: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda a piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador.” (I Tm 2:1-3).
Segunda Atitude: Vote com consciência! Você conhece as propostas de seus candidatos? Muitos cristãos estão votando em candidatos que defendem abertamente a união homossexual, são favoráveis ao aborto, apóiam a lei da homofobia e tantas outras leis que ferem diretamente a Palavra de Deus. Como servo de Deus, seu primeiro compromisso é com a Palavra de Deus. Portanto, votar em candidatos que são instrumentos de satanás para implantar a institucionalização da iniqüidade é uma contradição. Portanto, saiba em quem você está votando e quais são suas propostas de governo.

"Não havendo sábia direção, cai o povo..." (Pv. 11:14).



Rev. Daniel Sampaio Mota


[1] PIRAGINE JÚNIOR, Paschoal. Crescimento Integral da Igreja: uma visão prática de crescimento em múltiplas dimensões. São Paulo: Editora vida, 2006, p. 178.
[2] CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo e Política. Editora Ultimato, 2000.
[3] PIRAGINE, Idem, p. 179.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O homem que escapou da cruz

O homem que escapou da cruz
Mateus 27:11-26

Introdução
Jesus está diante de um tribunal. Este tribunal é diferente de todos os outros tribunais já forjados na terra. De um lado estão os homens, representando a promotoria cujo papel é acusar. Do outro lado está Jesus, o Deus encarnado, na condição de réu. De um lado estão os homens, pecadores, corruptos e injustos. Do outro lado Deus, santo, onipotente e justo. Este foi o dia na história da humanidade onde os homens julgaram a Deus.
Jesus enfrentou seis julgamentos, sendo três julgamentos na esfera religiosa e três julgamentos na esfera civil.
• 3 julgamentos religiosos:
- Na casa de Anás (ex-sumo sacerdote);
- Na casa de Caifás (sumo sacerdote em exercício);
- No Sinédrio (Conselho de Anciãos – composto por 70 homens).
• 3 julgamentos civis:
- Diante de Pilatos;
- Diante de Herodes;
- Diante de Pilatos.
Em seus seis julgamentos, Jesus foi condenado em todas as instâncias. No tribunal religioso ele foi condenado à pena de morte pelo crime de blasfêmia, por se denominar Filho de Deus, ou seja, intitular-se como Messias. No tribunal civil Jesus foi condenado à pena de morte pelo crime de insurreição e rebelião, por se denominar rei. Diante do tribunal humano, Jesus foi considerado culpado.
Entretanto, existem duas marcas fortíssimas no julgamento de Jesus: ilegalidade e injustiça. Senão, vejamos:
1 - Todos os julgamentos de Jesus aconteceram de madrugada. Jesus foi preso entre duas e três horas da madrugada. Às nove horas da manhã já estava pendurado na cruz, ou seja, em menos de seis horas Jesus já havia passado por seis julgamentos diferentes.
2 – Jesus não teve direito a um advogado. Outro aspecto que merece ser pontuado é o fato que Cristo não teve direito a nenhum advogado, pois já naquela época havia a figura do defensor, amparado inclusive pela lei romana vigente. Nesse sentido, foi-lhe negado o direito ao contraditório e a ampla defesa. A Bíblia afirma que Jesus permaneceu em silêncio diante do seu julgamento. Assim o evangelista Marcos narra o julgamento de Pilatos: “Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar” (Mc 15:4,5).
3 – A sentença baseou-se em falsas testemunhas. O evangelista Marcos registra o depoimento das testemunhas: “E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não o achavam. Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os a depoimentos não eram coerentes” (Mc 14:55,56). O evangelista Mateus é mais enfático ao afirmar a busca dos sacerdotes por testemunhos acusatórios falsos: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte” (Mt 26:59).
4 – A condenação veio sem que nada de concreto pudesse ser provado contra ele. No julgamento civil a Bíblia afirma: “Disse Pilatos aos principais sacerdotes e ás multidões: Não vejo neste homem crime algum” (Lc 23:4).
Exatamente neste interstício do julgamento de Jesus que surge uma figura singular. Trata-se de um homem chamado Barrabás. Mas, afinal de contas, quem é Barrabás? Barrabás é um criminoso, assassino, rebelde e agitador. Alguém que queria tomar o poder através da violência. Charles Swindoll diz que a figura contemporânea que mais se aproxime de Barrabás é o terrorista. Barrabás estava na lista dos homens mais procurados do império romano.
A Bíblia afirma que Barrabás foi introduzido no julgamento de Jesus: “Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. Naquela ocasião tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado o Cristo” (Mt 27:15-17).
Este é o cenário deste tribunal. De um lado Jesus (Deus, santo, justo, perfeito e puro) e do outro Barrabás (pecador, violento, assassino e rebelde). Mesmo diante da discrepância entre esses dois homens, a Bíblia diz que Jesus foi condenado e Barrabás foi liberto. Cristo foi sentenciado à morte e Barrabás foi absolvido de seus crimes. Jesus iria para a cruz e Barrabás voltaria para casa.
Diante disso, podemos questionar: Por que esse homem escapou da cruz?

I – Porque Jesus tomou o seu lugar (v. 17).
Três homens seriam crucificados naquela sexta-feira: um assassino e dois ladrões, Barrabás e outros dois homens. Aquela cruz do meio estava reservada para Barrabás.
Barrabás estava no corredor da morte, esperando apenas a execução da sua sentença. Portanto, Barrabás sabia que a cruz do meio era para ele. Aqueles cravos eram para ele. Aquele sofrimento estava reservado para ele.
Na teologia há o que chamamos de tipologia, ou seja, algo que simbolizava ou tipificava algo maior. Por exemplo, o reino de Davi tipificava o reino do Messias que seria estabelecido; Gênesis 22, quando Deus pede para Abraão sacrificar seu único filho Isaque, é uma tipologia do que Deus haveria de fazer com seu único filho; quando Oséias casa com uma prostituta o propósito é mostrar ao povo o adultério espiritual que a nação estava vivendo.
Sendo assim, neste texto Barrabás tipifica alguém: você! O que Cristo fez por Barrabás morrendo em seu lugar, foi exatamento o que Ele fez por nós: morreu no nosso lugar. Aquela cruz do meio era minha. Aquela cruz do meio era sua. Jesus ao invés de Barrabás significa Cristo ao invés de nós.
Deus não seria injusto se mandasse todos nós para o inferno. Na verdade, ele estaria exercendo sua justiça. Nós não merecemos ir para o céu. Nada do que você faça pode te levar para o céu. Por mais que você tente, por mais que você se esforce. A salvação não é alcançada por aquilo que fazemos, mas por aquilo que Cristo fez. Isso chama-se graça. Calvino chamou isso de Graça Irresistível. Charles Swindoll disse que “Deus construiu uma estrada para o céu. Esse caminho foi pavimentado com o sangue de Cristo”.

II – A morte de Jesus garantiu a sua liberdade (v. 26)
Páscoa significa libertação. A festa da Páscoa foi instituída para comemorar a libertação do povo do Egito (Êxodo 12). Não tem nenhuma ligação com coelho ou ovos de chocolate. Na noite que antecedeu a libertação do povo, Deus mandou a última praga: a morte dos Primogênitos. O povo de Deus deveria entrar em suas casas, sacrificar um cordeiro tomar o sangue do animal e aspergir sobre os umbrais e sobre as portas. Naquela mesma noite o anjo da morte iria passar por sobre a terra do Egito e ceifar a vida de todos os primogênitos, com exceção daqueles que estivessem nas casas marcadas pelo sangue do cordeiro morto na noite pascal. Assim diz a Bíblia: “O sangue vos servirá por sinal nas casas...” (Ex 12:13). A morte do cordeiro pascal garantiu a vida e a libertação do povo no Egito.
Por semelhante modo, o derramamento do sangue de Cristo, o cordeiro de Deus, garantiu a liberdade de Bartimeu. Jesus foi sentenciado para que ele pudesse alcançar a anistia. O apóstolo Paulo afirma que “Para liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5:1).

Conclusão
No ano de 2005 a revista Superinteressante publicou uma matéria com o seguinte título: Quem matou Jesus? No decorrer da matéria, os autores traziam cinco teses diferentes:
1 – os romanos;
2 – os judeus;
3 – a multidão insensata;
4 – os líderes judaicos que manipularam a multidão;
5 – Pilatos.
Biblicamente, todas estas respostas estão erradas. Conquanto, todas essas pessoas tenham tido participação na execução de Cristo, nenhuma delas pode ser responsabilizada individualmente. Segundo o ensino das Escrituras, somente uma pessoa pode ser declarada culpada pela morte de Jesus: você! Ele morreu por sua causa. Você é o grande motivo da morte de Jesus.
Rev. Daniel Sampaio Mota

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um Evangelho para todos

Um Evangelho para todos
Lucas 18:35-43; 19:1-10
O Evangelho é uma mensagem universal. Não pertence a um grupo seleto de pessoas. Não é uma herança étnica ou cultural. Conquanto o Evangelho tenha suas raízes na nação de Israel, o propósito de Deus nunca foi que a mensagem das boas-novas da salvação ficasse enclausurada a um povo. Quando Deus chamou o patriarca Abraão, deixou claro que sua intenção era, a partir dele, abençoar todas as famílias da Terra, como segue a narrativa do texto sagrado: “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:3). O apóstolo Paulo confirmou a Timóteo que o SENHOR “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4).
A passagem em questão nos remete a dois eventos que aconteceram na mesma cidade. Trata-se de dois homens que residiam em Jericó: Bartimeu e Zaqueu. Um, Jesus encontrou na entrada da cidade (Lc 18:35); o outro, Jesus encontrou no centro da cidade (Lc 19:1). Bartimeu era um homem pobre, mendigo e cego. Zaqueu era um homem rico, abastado, funcionário público (publicano, fiscal da receita). Enquanto Bartimeu vivia do lado de fora da cidade, Zaqueu vivia luxuosamente na parte mais requintada de Jericó.
Bartimeu era um homem muito conhecido em Jericó por causa do seu infortúnio. Zaqueu era conhecido em Jerico por sua riqueza. Dois homens completamente diferentes, mas com muita coisa em comum. Ambos carentes da graça de Deus. Bartimeu vive à margem da sociedade. É um homem infeliz por causa de sua condição de miserabilidade. Zaqueu pertence às mais altas camadas da sociedade. Um homem que fez fortuna, fez riqueza, mas alguém, igualmente, infeliz. Em suma: um é triste em sua pobreza; o outro é triste mesmo apesar da sua riqueza.
Zaqueu e Bartimeu representam um protótipo da sociedade pós-moderna. Tipificam o paradoxo e a discrepância social. Uma mesma cidade abriga ricos e pobres. A pobreza e a riqueza convivem lado a lado; onde a riqueza, que se concentra nas mãos de um grupo pequeno, é construída a partir da pobreza de uma maioria. Bartimeu tipifica a figura do explorado e Zaqueu do explorador. Bartimeu simboliza o oprimido e Zaque o opressor. Esses personagens são engrenagens de uma mesma máquina social. Encontramos aqui a gênese do capitalismo.
Outra semelhança entre esses dois homens diz respeito ao encontro que ambos tiveram com Jesus e nos dois casos a multidão aparece como um obstáculo para ambos (18:39; 19:3). Contudo, esse acontecimento na cidade de Jericó marca a vida desses homens. A partir da experiência de Bartimeu e Zaqueu, vemos que as portas do Evangelho estão abertas para todos os homens.

1 – Ambos, independentemente de sua condição, carecem de Deus (18:38; 19:4).

A Bíblia confirma que Bartimeu se utilizava de uma capa no seu trabalho de mendicância. Os biblistas afirmam que aquela capa lhe fora dada pelas autoridades romanas e funcionava como uma espécie de licença para esmolar. Em outras palavras, Bartimeu é um pedinte regulamentado pelo Estado – uma política social sectária. Por outro lado, Zaqueu era maioral dos publicanos. Colhia os dividendos da injustiça social. Sua riqueza era sustentada a partir da pobreza de outros.
Do ponto de vista social estes homens são completamente diferentes. Do ponto de vista espiritual a situação deles é idêntica. Em termos de salvação não há nada que seu dinheiro passa fazer por você! Um é pobre e está perdido. O outro é rico e está igualmente perdido.
Todos Necessitam da graça de Deus. Se você é rico, está perdido! Se você é pobre, está perdido! Alguém já disse que existe um lugar onde somos todos iguais: no caixão. A morte é implacável e não respeita condição social. Absolutamente todos terão que enfrentá-la e, portanto, carecemos da graça de Deus.

2 – Ambos recebem de Jesus a mesma atenção (18:40; 19:5)

Vivemos em uma sociedade onde você vale aquilo que você tem. Você vale o carro que possui. A maneira como você se veste determinará a maneira como as pessoas tratarão você. Entretanto, esse não é o tratamento que Jesus dava às pessoas. A mesma atenção dada ao rico foi dada ao pobre. Jesus não tem predileções. O tratamento de Deus é igual para todos. Nos dois casos, Jesus está caminhando com uma multidão de discípulos. E, em ambos os casos, Jesus pára para atender os dois homens.

3 – Ambos são curados (18:41,42; 19:8)

Bartimeu é curado de uma enfermidade física – cegueira.
Zaqueu é curado de uma enfermidade espiritual – avareza.



4 – Ambos são salvos (18:43; 19:9)

O texto sagrado deixa duas informações preciosas que apontam para a conversão destes dois homens. Quanto a Bartimeu, a bíblia diz: “Imediatamente, tornou a ver e seguia-o glorificando a Deus” (18:43, grifo meu). Aquele que antes estava à beira do caminho agora encontra-se no Caminho. Semelhantemente, a Escritura registra a confissão de fé de Zaqueu: “SENHOR, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (19:8). O evangelista Lucas registra que, diante de tão grande prova de conversão, Jesus exclama: “Hoje, houve salvação nesta casa” (19:9).

CONCLUSÃO
A presença de Jesus na cidade de Jericó tem um significado histórico e espiritual. A cidade de Jericó foi a primeira grande cidade a ser destruída e conquistada por Josué na tomada da Terra Prometida. Havia uma grande muralha que protegia aquela cidade de seus inimigos. Quando as muralhas, milagrosamente, vieram a baixo, Josué pronunciou uma maldição: “Maldito diante do SENHOR seja o homem que levantar e reedificar esta cidade de Jericó: com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas” (Js 6:26).
Contudo, não atendendo à Palavra de Deus, durante o reinado do perverso rei Acabe, Jericó foi reconstruída (I Reis 16:34). A reconstrução da cidade aconteceu com o consentimento do rei através de Hiel. Conforme a palavra de Josué, ao lançar os fundamentos da cidade perdeu seu primogênito, e, quando assentou as portas, perdeu seu filho caçula.
Este fato é importantíssimo de ser considerado. O muro simboliza a separação. Portanto, quando Jesus dirigi-se à cidade de Jericó, ele atende a Bartimeu que está fora dos muros e a Zaqueu que está dentro dos muros. Pois em Cristo, os muros simplesmente não existem.
Antes de Cristo havia uma separação entre Deus e o homem, e entre o homem e seu próximo. A construção daquele muro custou morte do primogênito de Hiel. A derrubada dos muros que nos separavam de Deus e de nossos semelhantes custou a vida do Unigênito Filho de Deus. O apóstolo Paulo confirma essa verdade, ao afirmar: “Mas, agora, em Cristo, Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef. 2:13-18, grifo meu).
Sendo assim, em Cristo, todos os muros ruíram. O véu do templo se rasgou. Já não há mais nenhum obstáculo que nos impeça a entrarmos na presença de Jesus.
Rev. Daniel Sampaio Mota